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01 de Julho- Por: Milena Moratti

COMPLIANCE NO CONTENCIOSO DE VOLUME: INTEGRIDADE E EFICIÊNCIA

 
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O compliance compreende um conjunto de práticas e procedimentos voltados à conformidade com leis, regulamentos e controles internos e externos, que promove ética e transparência organizacional. Devido a sua importância, passou a ser integrado às diretrizes de ESG (Ambiental, Social e Governança) e à Governança Corporativa, consolidando-se como pilar essencial para manter a integridade institucional.

A cultura da aderência ganhou protagonismo a partir da Lei Anticorrupção (Lei 12.846/13), que impôs às organizações a responsabilização objetiva por atos lesivos à Administração Pública, além da exigência de programas de prevenção e mitigação de riscos, sob pena de sanções severas. Embora inicialmente voltado ao setor empresarial, o compliance se estendeu a outros segmentos — inclusive à advocacia.

No atual cenário jurídico, altamente competitivo e tecnológico, a gestão eficaz nos escritórios de advocacia é indispensável, e os programas de compliance, atrelados à governança corporativa, podem ser aplicados em moldes semelhantes aos empresariais, em escala diferenciada e com padrões análogos, para controles sofisticados, planejamento estratégico e aperfeiçoamento dos sistemas de gestão. Nesse contexto, o compliance atua como elemento central na padronização, controle e mitigação de riscos operacionais, financeiros e reputacionais.

A atuação jurídica, em especial nos escritórios que conduzem operações de contencioso de volume, requer controles precisos, padronização de procedimentos e estrutura sólida para lidar com a gestão de um número expressivo de processos judiciais, cuja natureza, por vezes repetitiva, exige alta capacidade de controle e organização. Nesse cenário, a implementação de programas de compliance passa a ser fundamental para assegurar a integridade da operação jurídica.

O uso de sistemas de gestão alinhados às diretrizes internas e às exigências dos clientes permite o acompanhamento integral dos fluxos operacionais e de indicadores de desempenho (KPIS) através de monitoramentos e auditorias internas.

Os procedimentos operacionais amparados por inteligência jurídica, além de alinhamentos estratégicos para acompanhamento e controle de dados jurídicos, facilitam o controle contínuo de prazos, viabilidade de mediações, gestão de pagamentos e reembolsos de custas, expedição e levantamento de alvarás, bem como o controle da eficácia jurídica das teses aplicadas.

A prática diária no contencioso exige não apenas a produção de peças com rigor técnico-jurídico, mas também o acompanhamento processual contínuo, o controle de contingenciamento, identificação de estratégias para obtenção de economias por meio de acordos, além de estratégias voltadas à mitigação de riscos. A ausência de aderência em qualquer etapa da condução jurídica processual, administrativa e até mesmo estratégica pode gerar sanções administrativas, prejuízos processuais e impactos negativos à imagem institucional do escritório.

Além disso, o correto registro de dados no sistema de gestão interno do escritório, assim como no de clientes, é fundamental. Inconsistências podem comprometer o contingenciamento, a análise de risco e a definição de teses jurídicas, impactando diretamente nos resultados.

A não observância aos controles internos, constitui não conformidade e violação à integridade, gerando maior probabilidade de riscos e prejuízos financeiros e de reputação ao escritório de advocacia

É importante destacar também que o compliance, orientado pela missão de manter a regularidade da operação jurídica, atua como elo entre as várias áreas que podem constituir a operação do contencioso de volume, como as áreas técnica-jurídica, financeira, controladoria jurídica, logística e legal ops, viabilizando a integração e eficiência dos fluxos de trabalho, além de maior foco na visão estratégica para a obtenção de resultados e redução de riscos.

A tecnologia também se apresenta como uma aliada indispensável. O uso de inteligência artificial, jurimetria e ferramentas de automação, como robôs e power bi,, permite controle contínuo do compliance, lançamento automático de informações nos sistemas de gestão, controle de prazos, geração de relatórios, dashboards e identificação de padrões jurídicos e não conformidades. Com isso, estratégias podem ser ajustadas de forma preventiva, decisões podem ser tomadas com segurança jurídica e há ganho de produtividade e resultado.

A inteligência artificial, com ampla facilidade de analisar um complexo volume de dados, integrada ao sistema de gestão do escritório, permite a auditoria em larga escala, identificação de erros de condução, validação do cumprimento dos fluxos sistêmicos e da regularidade da condução processual.

A jurimetria, por sua vez, fornece suporte analítico à tomada de decisões: identifica probabilidades de êxito, duração média dos processos, valores médios de condenações por região, além de estratégias para composição amigável de litígios e identificação de advogados agressores, dentre outras possibilidades, fortalecendo a capacidade de atuação preventiva e estratégica para o alcance dos interesses dos clientes.

O setor de compliance pode utilizar os dados e informações obtidas para elaborar estratégias de legal design e de visual law para comunicar não conformidades identificadas, propor melhorias aplicáveis e definir planos estratégicos para reafirmar o compromisso de observância aos controles internos, haja vista que a comunicação é um pilar fundamental para seja atingido o compromisso da integridade.

Por fim, a incorporação da gestão de qualidade ao programa de compliance permite a melhoria contínua dos processos, redução de riscos e aumento da reputação institucional. Com a identificação de não conformidades, gaps sistêmicos e condutas que podem contrariar a cultura do escritório de advocacia, torna-se possível reforçar os pilares de integridade, transparência e responsabilidade.

Dessa forma, o compliance jurídico no contencioso de volume deixa de ser apenas um diferencial e passa a representar uma necessidade estratégica, assegurando governança, sustentabilidade e excelência na prestação dos serviços advocatícios, fortalecendo a confiança dos clientes e garantindo a continuidade dos negócios em um ambiente cada vez mais complexo e competitivo.

Por

  1. Milena Moratti Aguilar
  2. Sócio(a)

  3. São Paulo/SP
  • Assessoria de imprensa:
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